quinta-feira, 2 de março de 2017

Podemos gerir melhor os Millennials?

A geração Millennials, que compreende os nascidos entre 1980 e 1996 (ainda que estas datas não sejam totalmente consensuais no que se refere a Portugal), estão a caminhar para um domínio franco do mercado de trabalho, até porque com os Boomers (1946-1964) a transitarem para a reforma, e pelo facto da Geração X (1965-1979) ser menos numerosa, prevê-se uma rápida dominância desta geração no mercado nos próximos anos.

Esta geração tem fortemente inspirado a reflexão, investigação e revisão de práticas de gestão e liderança de pessoas nas organizações.  Em certos casos, levando ao exagero na generalização e rotulagem de perfis ou comportamentos.

No entanto, alguns aspectos nos comportamentos desta geração no contexto de trabalho parecem ser evidentes:

·  Os Millennials estão quase sempre com um pé na porta. O seu nível de compromisso com uma organização é relativamente baixo. Por exemplo no Deloitte Millennial Survey 2016, 44% afirmou que pretendia deixar o seu empregador atual nos próximos 2 anos. 
·  O seu desejo de mudar prende-se com a perceção de não desenvolvimento de competências de liderança, de baixa valorização e um desejo de maior flexibilidade e um maior equilíbrio trabalho-família. 
·  Os Millennials assumem valores vincados e procuram organizações que defendam valores semelhantes. Consideram que o negócio deve estar mais focado nas pessoas, produtos/serviços, propósito e menos no lucro. 

Estas tendências criam necessariamente pressões no contexto laboral, incluindo o português, que se apresenta muito resistente numa fase em que esta geração ainda não é a dominante,  o que será por pouco tempo.


Será possível aumentar o engagement e nível de compromisso desta geração?

A investigação demonstra que algumas práticas de gestão e liderança revelam-se mais fortemente associadas com maior compromisso e lealdade desta geração:
  • Encorajar o mentoring de forma efetiva, permitindo uma integração na cultura, valores e missão da organização mais orientada.
  • Garantir uma estratégia de gestão que defina claramente o propósito da organização para além do lucro, e que o mesmo seja partilhado e co-construído por todos
  • Garantir diversas ferramentas de desenvolvimento, não apenas as tradicionais, permitindo percursos de desenvolvimento e aprendizagem individuais (e.g., PDI, experiências de aprendizagem autoconstruídas).
  • Sendo impossível criar o contexto de trabalho perfeito, as organizações devem melhorar o clima e qualidade das relações na organização. Ambientes hostis, ancorados no medo e na competição não se adaptam a uma geração que já está com o pé na porta, e procura sobretudo equilíbrio, criação de valor e validação. 
  • Aumentar a perceção de controlo dos Millennials sobre a sua carreira, conciliação vida-trabalho e desenvolvimento. Esta geração quer fazer a diferença, provocar impacto, no entanto necessitam de um acompanhamento próximo, por exemplo num formato de coaching garantindo o sentido do real.


Apesar das diferenças esta geração traz consigo o futuro do trabalho e das organizações, inspirando as outras gerações a reverem a sua forma de trabalhar e criar valor.

A geração seguinte, a Z, irá beneficiar das mudanças instigadas pelos Millennials, garantindo que as soluções de empregabilidade, empreendedorismo e sustentabilidade se mantêm enérgicas e adequadas às pessoas e ao mercado.



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